Traduzir o imaginário da Amazônia e a visão de mundo indígena em filme de não ficção, contemporâneo e sociopolítico, foi a base criativa que norteou e orienta todas as nossas narrativas e escolhas estéticas.
De um lado, a história de um jovem biólogo, ativista e educador, realizando um trabalho de base na preservação da cultura indígena e do ecossistema amazônico em um dos países mais violentos do mundo e, de outro, há a história da personagem performática desse mesmo jovem, Uýra, um ser encantado capaz de enfrentar o racismo estrutural e o desmantelamento da cultura pelo atual governo autoritário brasileiro.
Não poderíamos abordar essa história com perspectivas cartesianas, lineares, eurocêntricas. Percebemos durante o processo de investigação e filmagem que a poesia e a metáfora podem ter um impacto poderoso quando falamos de questões socioculturais. E que temos em mãos, imagens que rompem com a falsa segmentação que divide filmes de arte e filmes sociais, assim como tem potencial para provocar um mundo tão material, racional e também tão colonial.

Juliana Curi – Diretora